segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A melhor Idade?



Até os meus oitenta anos eu me sentia, não digo jovem, mas cheio de forças e de sonhos. Agora com oitenta e cinco anos e depois de algumas doenças graves me percebo como idoso, velho.  Não acabado, sem esperança, mas com um panorama de vida mais limitado, com uma preocupação principal, que toma o tempo todo: a preocupação pela saúde, o cuidado físico. No médico quase todas as semanas, a mesa empilhada de caixinhas de remédios, as longas sessões de espera nos ambulatórios e uma fraqueza corporal que influencia também o espírito, tirando aquela vontade de construir novidades e melhorar o mundo. Estou percebendo que o número notável de idosos, que aumenta a cada dia, traz problemas  sociais e não somente individuais. É desejável  que se viva longos anos e que isto aconteça com todo mundo, mas com isso algo muda na vida pessoal e na sociedade, inexoravelmente.  Nós dizemos que o idoso se encontra na “melhor idade”. É verdade? Podemos dizer que sim: é uma idade mais calma, com uma visão do mundo mais realista, uma idade de reflexão e contemplação, de benevolência e misericórdia para com os outros, com um maior respeito por parte da sociedade (o idoso, ao menos teoricamente, é sempre “preferencial”). Mas isso tudo é mais complicado quando entra na vida o cansaço e sobre tudo as doenças. Uma comparação não muito bonita é aquela de lidar como com um carro velho: todo dia apresenta um defeito, se  conserta uma peça e estraga a outra. A reação humana é algumas vezes a desesperança e a depressão. Nesta situação qual é o caminho da salvação? Eu não diria que é o único, mas para mim o principal caminho é o caminho da Fé. Gastar com sabedoria as poucas forças remanescentes em vista do bem comum torna  cheia a consistência do viver o dia a dia. A consciência que o sofrimento  é um chamado, duro mas precioso, de Deus, para completar a Redenção que vem de Jesus e que tem um valor ainda maior que o valor da ação a da oração. É claro que isso tudo é dom de Deus, dom do alto, que vem em socorro da nossa  pequenez e da nossa fraqueza  física e psicológica. Vai aqui muito bem um conselho, uma advertência aos mais jovens, aos que estão com toda sua força integral e com saúde boa: o conselho de não perder o tempo, não dar espaço à preguiça, fazer o bem agora, porque amanhã  poderá ser tarde.

sergiobernardoni@gmail.com



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

SERVIR: um ideal esquecido?


Certamente vocês se lembram de uma imagem de Papa Francisco, numa celebração da Quinta Feira Santa, lavando os pés de um mendigo. Se a imagem do papa fosse substituída pela figura de Jesus, seria fácil lembrar quando Jesus lavou os pés dos discípulos antes de sua paixão e morte ensinando a prática do serviço  e convidando os apóstolos ( e nós todos também!) a imitá-lo. A Igreja, lançando a Campanha da Fraternidade deste ano 2015, renova o convite a realizar, nas comunidades, a mística do serviço. O tema da Campanha é: FRATERNIDADE: IGREJA E SOCIEDADE, e o lema: EU VIM PARA SERVIR!. O tempo forte da Campanha é a Quaresma, mas o seu espírito e sua prática deveriam fermentar a vida dos cristãos e das Comunidades durante a vida inteira. É um tema muito atual e urgentíssimo e é um ataque direto contra a corrupção e a prática generalizada de tirar vantagem em tudo para benefício pessoal esquecendo a sociedade e o bem coletivo. É também uma questão de Fé: todos querem ficar com Deus, mas onde encontra-lo? A resposta é: certamente no amor e no serviço ao próximo. No Evangelho somente uma vez está escrito :” amar a Deus sobre todas as coisas”, mas dezenas de vezes, com parábolas, exortações e exemplos Jesus convida, ou melhor manda, amar e servir ao próximo. Isto para nos libertar da ideia perigosa de amar um Deus situado na fantasia ou no sentimentalismo. E o apóstolo escreve numa carta:” Se você não ama o próximo que você vê, como poderá amar a Deus que não vê?”. A Campanha da Fraternidade terá o seu ponto alto no Domingo de Ramos quando é feita a coleta para ajudar as atividades sociais da igreja. Esta nova mentalidade :”servir ao próximo é se encontrar com Deus”, deverá orientar toda a prática da vida cristã: as reuniões nas casas, as pregações, o dízimo, a vida social e política. Isso significa começar uma vida nova, atitudes novas, e não colocar “remendos nos panos velhos” , como diz o Evangelho.

Sérgio Bernardoni