terça-feira, 25 de novembro de 2014

Ecumenismo: Dádivas que a gente traz.


“Dádivas que a gente traz, no altar da paz do nosso Deus” (Zé Vicente)

Novamente o Grupo de Vivência Ecumênica de Goiânia se reuniu. Dessa vez, para fazer memória da caminhada percorrida durante o ano de 2014 e celebrar em ação de graças as maravilhas que o Deus ternura, Deus pai e mãe realizou e realiza em nossa história.
Entre as memórias, o encantamento pela forma carinhosa que o grupo foi recebido pelo Pastor Davi e a Sandra, esposa dele, em ocasião da Semana de Oração pela Unidade Cristã, no mês de junho. Ele e ela congregam na Igreja Sal da Terra.
Dentre os agradecimentos o sentimento de cuidado que o grupo demonstrou para com as pessoas que tiveram problemas de saúde no decorrer do ano de 2014, seja por meio das orações, seja pela companhia ou palavra amiga nas horas de necessidade.
À luz do texto bíblico da comunidade de Lucas (17, 11-19), refletimos que ainda hoje existem vários gritos por misericórdia. E que a exemplo de Jesus devemos ver essas pessoas, que na condição de excluídas pedem dignidade, independentemente da sua tradição religiosa.
Jesus era Judeu e no caminho escutou o grito dos leprosos, pessoas consideradas impuras pelas leis religiosas do mundo judaico. Entre os leprosos, tinha um Samaritano (“de fato Judeus e Samaritanos não se davam bem”) e, foi o Samaritano que ao se perceber curado no caminho, voltou para agradecer Jesus. Não era um agradecimento formal, “simplesmente para cumprir tabela”, pois ele voltou louvando a Deus, dando graças. Era um sentimento de gratidão verdadeiro pela forma que foi acolhido por Jesus e consequentemente incluído na sociedade em que vivia.
Essa narrativa bíblica também nos fez perceber enquanto pessoas do Grupo de Vivência Ecumênica. Muitas vezes, a gente se pergunta pela “utilidade” desse grupo. E, ao fazermos isso parecemos os 9 (nove) leprosos que não voltaram para agradecer as transformações, as curas, as libertações ocorridas no decorrer do caminho, nos processos da nossa caminhada.
Encerramos o encontro com um pedido especial para o Padre Sérgio que será submetido a uma cirurgia de angioplastia.
Éramos 9 pessoas (6 mulheres e 3 homens). Denominações religiosas presentes: Batista, Luterana (IECLB), Unificação das Famílias para a Paz Mundial e Católica Apostólica Romana.

Múria, Goiânia, 24 de novembro de 2014.




segunda-feira, 27 de outubro de 2014

COOPERAÇÃO EXIGE APRENDIZAGEM


O Brasil tem pouco a se orgulhar no “ranking internacional de generosidade, mensurado pela Charities Aid Foundation, CAF, com sede no Reino Unido, em parceria com o Instituto Gallup, o Brasil ficou em 76º lugar no ano de 2010 quando a Austrália e Nova Zelândia empataram em primeiro lugar,... e em 2012 Brasil caiu para 83º lugar.”.
Quem não aprende cooperar com a casa vai ter muita dificuldade em cooperar com a sociedade. Quando algo não funciona dentro de casa, a mãe é culpada. Quando algo não funciona na sociedade o governo é o culpado. Em todo o lugar que o julgamento indica a existência de um culpado, todos se tornam vítimas e ninguém precisa cooperar.
Vivemos a crise da epidemia das drogas. Em se tratando de uma epidemia, todos devem cooperar e agir... mas, esta atitude não está acontecendo. Já existem estatísticas indicando que os universitários são a parcela da população que mais consome droga. Quando o Brasil pensante de amanhã fica usuário de drogas hoje, como será o dia de amanhã?  Com quem poderemos contar?
É urgente que a cultura da cooperação seja implementada a partir de cada família para que na soma do esforço de cada um, ainda seja possível sonhar um novo Brasil amanhã.
A cooperação é a expressão prática do amor às pessoas, às causas, enfim à sociedade. A cooperação pode ser indicada no tratamento da depressão, do vazio da vida, das fugas irresponsáveis e de tantos outros males. Há muitas causas nobres a espera de cooperação. Creches, hospitais, em particular o hospital do câncer, asilos, comunidades terapêuticas, grupos de idosos, associação dos ostomizados e outras mais, os sindicatos, as associações de classe, as organizações esportivas, a pastoral das crianças e tantas outras... Os jovens que crescem cooperando encontram o sentido da vida e se tornam construtores de uma nova história.
Quem tem o que fazer não lhe sobra tempo para fazer apenas dos bares e boates o único ponto de encontro possível!  As verdadeiras e melhores amizades nascem e crescem em lugares de sobriedade, responsabilidade e verdadeira alegria. Fazer o bem faz bem.
Vamos continuar a conversa?

José Vanin Martins
Voluntário do Amor Exigente.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Plebiscito popular: para que?

Nós temos uma tendência doentia de resolver os problemas: passamos uma tinta para esconder as feridas. A rua está insegura? Vamos construir um muro ao redor da casa e colocar em cima uma boa cerca elétrica. Mas não tiramos as razões da violência. O deputado é corrupto? A condenação está na boca de todos, mas nas eleições ele continua sendo votado e eleito. No campo da política pública acontece o mesmo: em manifestações populares, pacíficas ou violentas, aparecem o descontentamento e a revolta, mas quando surge a possibilidade de sanar as feridas, os  “homens bons”, como eram chamados antigamente os que não trabalhavam manualmente e que   tinham terras e escravos, bloqueiam as reformas e o povo vai atrás. Oh! meu Brasil, quando vai acordar de verdade?  Há um ano atrás, movimentos de massa ensaiaram um protesto formidável. Até o governo da Dilma assustou e procurou responder ao clamor popular. No campo da saúde veio o plano “ mais médicos” hostilizado imediatamente pela elite do país. No campo político  veio a proposta de um plebiscito , logo afundada pelos deputados ligados a interesses econômicos ( bancada ruralista etc,...). Quando se acha um remédio, o doente foge! Mas, apesar de tudo, pelo bem da nação, não podemos desistir.  No dia 28 de Maio aconteceu no Centro Cultural Caravideo uma assembleia que discutiu a iniciativa de um plebiscito popular a ser realizado na semana da pátria ( 1 a 7 de setembro ) coincidindo com o Grito dos Excluídos. Os presentes decidiram apoiar a ideia de plebiscito como meio de pressão para que o parlamento execute a reforma política e marcaram outra assembleia, aberta a todos, no mesmo local, para o dia 25 de julho próximo. É uma tentativa de cortar o mal pela raiz. Não se trata simplesmente de uma reforma eleitoral, mas de gerar instrumentos para que o povo, verdadeiro dono do Brasil, comande o processo de renovação em todos os níveis. É verdade que circula no ar dos nossos dias um cheiro ruim de desesperança gerado pelo individualismo egoísta de cada um. Mas não podemos nos deixar vencer. O exemplo atualíssimo da “Copa” é um sinal que podemos mudar a situação. Eu gosto de futebol e, de todo o coração, torço pela seleção brasileira (apesar de ser italiano), mas sempre achei exagerado e quase irracional, o culto dos brasileiros pelo campeonato mundial: a nação praticamente para durante um mês e tudo é adiado “ para depois da copa”. Não aprovo os vândalos, bandidos que se acham civilizados, mas o movimento contra a “copa” está mudando o imaginário do povo brasileiro. O campeonato é um jogo e se a gente perder não será uma tragédia, não será o fim da vida e da honra do Brasil. Nós vamos vencer, é claro, mas, se perdermos, isso nos pode ajudar a cair na realidade e colocar a “copa” nos seus justos limites. Vamos, sim, trabalhar mais para sanar as feridas do país e não escondê-las com a tinta verde-amarela, lutando para melhores condições de saúde e transporte e, sobretudo, para o fim da desigualdade social. Devemos ser campeões, não somente no futebol, mas principalmente na justiça. sergiobernardoni@gmail.com

segunda-feira, 5 de maio de 2014

O PILOTO QUE VOOU PARA O CÉU ETERNO

Era o ano de 1972, no mês de julho, no período mais duro da ditatura militar. Era o tempo das prisões arbitrárias de leigos e de religiosos, tempo de torturas e de desaparecimentos de estudantes, de trabalhadores e de políticos da oposição. Eu tinha chegado ha poucos dias da Itália como missionário católico para a Paróquia de Bela Vista de Goiás. Ainda não falava direito o português, mas, entusiasmado pela missão, estava decidido a combater a ditatura militar e lutar pela libertação e os direitos dos pobres e dos perseguidos, em nome de Cristo.  Em torno da meia noite, eu estava já deitado, sozinho, na casa paroquial,  e alguém bateu com força na porta. Na hora fiquei preocupado: será que a polícia já vai me prender? Perguntei: quem é?  “Sou eu, dom Tomás, tive que descer por causa de uma emergência com o meu aviozinho e preciso ligar para Goiânia”. Era uma voz amiga e fiquei aliviado. Eu nunca tinha encontrado dom Tomás, mas ele não era pra mim desconhecido, porque na preparação  que fiz na Itália para vir ao Brasil, vários daqueles padres que nos davam aula de português ou de história e geografia, tinham trabalhado com ele na diocese de Goiás velho e conheciam muito bem as qualidades extraordinárias deste bispo comprometido com camponeses e índios e com os caminhos abertos pelo Concílio Vaticano Segundo de papa João XXIII. O avião  tinha sido um presente de uma diocese italiana que queria ajudar os contínuos deslocamentos pastorais de dom Tomás, sobretudo na Amazônia, para defender os índios contra os donos das armas, dos latifúndios e do poder. Eu conheci depois, mais profundamente, dom Tomás, um bispo humilde mas corajoso e sempre pronto a servir o povo e a igreja do povo, com a qual, mesmo aposentado, esteve ligado até o fim. Contam aqueles que estavam presentes nas ultima horas de sua vida ( morreu no dia 02 de Maio 2014 aos 91 anos de idade) que ele queria ter alta logo para poder participar da Assembleia dos Bispos do Brasil em Aparecida do Norte. Conforme a profecia que dizia que Jesus seria um sinal de contradição, dom Tomás também incomodava uma porção de gente pelas suas posições no campo social e no campo eclesial e este é um bom sinal. Papa Francisco falou assim uma vez: “ eu quero cristãos que incomodam “. O papa falando em  italiano  usou as palavras “ dar fastídio” que é muito mais do que “incomodar”. Aqui em Goiânia, pessoas de igreja, que hoje custam a digerir as diretrizes renovadoras de papa Francisco, criticavam dom Tomás. Uma  porção de pessoas da sociedade também criticavam dom Tomás (e criticam até hoje na internet), mesmo sabendo que Goiânia é campeã no Brasil na desigualdade social e que os latifundiários  impedem uma reforma agrária justa e igualitária, pelas sua posições de defesa dos direitos dos índios e dos sem terra.  Por isso eu quero assegurar o valoroso piloto que foi para o céu de Deus, que nós, aqui na terra, continuaremos a ”incomodar” a Igreja e a sociedade em vista do Reino de Deus.sergiobernardoni@gmail.com

quarta-feira, 30 de abril de 2014

UM SONHO (QUASE) IMPOSSÍVEL.

Com tantas gritarias de pregações bíblicas e com tantas exaltações na boca de padres e pastores de capítulos e versículos do Livro Sagrado e todo mundo jurando que a Palavra de Deus é a Luz e o Guia de sua vida e de sua Igreja, quase ninguém leva a sério o pedido de Jesus (que é uma ordem) sobre a unidade dos cristãos, no capítulo 17 de João: “Que todos sejam um”. Há muita gente no mundo que não aceita Jesus Cristo como Filho de Deus: os muçulmanos, as religiões orientais, os cultos afros, os ateus, os indiferentes etc... , são bilhões de pessoas que não são evangelizadas. E os cristãos que fazem? Brigam entre si esquecendo o mandamento de Jesus : “ides e evangelizais”, cada Igreja preocupada consigo mesma, arrecadando dízimos e escandalizando a multidão dos filhos de Deus que pedem luz e verdade. Porque Cristo não está dividido, mas a maneira como nós cristãos experienciamos a nossa fé em Cristo faz parecer que Ele está dividido.  É verdade que desde os primeiros tempos o diabo introduziu divisões entre os discípulos de Jesus: havia até problemas com a santa Ceia, pois os ricos não queriam comer do mesmo pão e beber do mesmo vinho que os pobres. Mas diante destas divisões o apóstolo Paulo tem a capacidade de não negar os conflitos, mas não desiste do sonho da unidade que Jesus quer: “ Eu não canso de agradecer a Deus por causa de vocês , em vista da Graça de Deus que lhes foi concedida em Jesus Cristo” ( 1 Cor 1,4.). Por isso acho bom apoiar a atividade de um pequeno grupo de cristãos de várias denominações religiosas que convida para a “Semana de oração pela Unidade dos Cristãos” na semana do dia 1º ao dia 8 de Junho 2014, com o lema: ”Acaso Cristo está dividido ?”(1 Cor.1-17). São previstas duas celebrações principais: uma de abertura no dia 02 de Junho, segunda feira, às 19 horas no Centro Cultural da Caravideo ( Rua 83 n.º 361 Setor Sul,fone 3218 6895)  e uma de encerramento no dia 08 de junho, domingo, às 9 horas da manhã, na Igreja Luterana ( rua 91, fone 32244633/99745733). sergiobernardoni@gmail.com

Grupo de Vivência Ecumênica de Goiânia - 2014


quarta-feira, 23 de abril de 2014

O nome do diabo


As recentes descobertas de sistemas de corrupção revelando as manobras de enriquecimento ilícito de políticos de todos os níveis, ligados notoriamente a alguma igreja, me trouxe à memória  um antigo problema religioso, muito debatido até hoje: a idolatria. Por causa das imagens  os católicos são tachados de “idólatras” pelos evangélicos. Jesus, no Evangelho, nunca fala contra ou a favor das imagens  mas  denuncia a presença do diabo na “mamona iniquitatis” (riquezas de origem iníqua: Lc 16.9) quando proclama que: “não se pode servir a dois senhores, a Deus e às riquezas” (Mt 6,24). O dinheiro é o dono do mundo, o ídolo que escraviza a humanidade. O diabo do dinheiro corrompia a classe sacerdotal no tempo de Jesus e armou a mão criminosa de Judas para entregar Jesus por trinta moedas. Em todos os tempos, e, principalmente hoje, o diabo do dinheiro atenta a sociedade civil e política contaminando, sorrateiramente, também as igrejas. Pelo dinheiro se fazem...até milagres e se fabricam adoradores de ídolos! Não são umas imagenzinhas de São José ou de Nossa Senhora que podem colocar em perigo a nossa fé em Jesus Cristo. Ídolo é a manobra aliciadora do proselitismo quando se procura engrandecer a  igreja  em lugar da glória de Deus; ídolo é o Dízimo quando é apresentado como obrigação consagrada e exigida por Deus e não como livre ato de solidariedade em favor dos irmãos;  ídolo é usar o poder religioso nas mãos dos padres, pastores e bispos que não deixam fortalecer a caminhada do povo de Deus;  ídolo é instrumentalizar o poder de cura para reduzir o povo de Deus a uma massa anestesiada e conseguir  lucros inestimáveis ; ídolo é falar no tempo das eleições que “irmão vota em irmão” ou que é necessário organizar no Parlamento “Bancadas” evangélicas ou ruralistas. Não te  incomoda o contínuo pedir dinheiro nas TV e Rádios religiosas e a construção de um número sempre maior de  novos templos? Será que Deus precisa de tantas e grandiosas igrejas? Contam que São Francisco quando viu os frades construindo um grande convento subiu no telhado e começou a jogar as telhas no chão. Fica aqui a incômoda pergunta: aonde andam os cristãos seguidores de um Jesus pobre, desarmado, sem teto, sem reserva de dinheiro e sem propriedades? Para terminar quero dar uma resposta a uma possível dúvida de muita gente:  porque a Bíblia tanto fala e tanto condena (tem até um mandamento) o culto das imagens? Eu pergunto qual Bíblia diz isto? Não é o Evangelho, não é Jesus: é o Antigo ( ou primeiro) Testamento. O Antigo Testamento recolhe a história do povo hebreu que vivia cercado por nações que adoravam imagens de madeira, de prata ou de ouro, como seres vivos e poderosos, como deuses. A tentação de imitá-los era tão grande para o povo de Deus, que chegou a enfurecer Moisés que quebrou as Tábuas da lei em cima do bezerro de ouro. A civilização dos “ídolos-imagens” da época do Antigo Testamento já passou e no seu lugar surgiu o carro de luxo, a mansão, a grande fazenda, a conta no Banco, a vaidade, o poder, o prazer...Podemos estar certos que a campanha contra as imagens  é uma artimanha do diabo  para desviar a atenção dos bons cristãos do verdadeiro “ídolo” que é o “mamona iniquitatis”, o diabo do dinheiro de origem iníqua.        sergiobernardoni@gmail.com

segunda-feira, 14 de abril de 2014

A CARNE FERIDA DE CRISTO


No sábado, 12 de abril. No Centro Cultural Caravideo,  aconteceu uma assembleia de formação sobre o Tráfico Humano, organizada pela CRB ( Conferência dos Religiosos do Brasil) e o  “Movimento: um grito pela vida!”. Na mesa estavam representantes de órgãos do Governo, inspetor da Polícia federal, de ONG , de departamentos de psicologia da PUC: público de umas cem pessoas. Eu estava lá dando uma força  representando a  Caravideo e fiquei impressionado pelos relatórios sobre a extensão e a crueldade do tráfico de pessoas: trabalho escravo, exploração sexual, venda de órgãos para transplante, tragédia das drogas. As várias exposições podiam ser comparadas a uma mão dura e implacável, que te pega pelo peito e te sacode até você cair no chão. Porque a sociedade não acorda? Porque os pais não abrem os olhos? Porque as autoridades  não agem? Porque este grito da igreja é destinado a enfraquecer e possivelmente desaparecer depois de terminado o período quaresmal da Campanha da Fraternidade? Em realidade o “Grito pela vida” da CRB  é uma das poucas iniciativas concretas na cidade de Goiânia. Me alegrei muito em ouvir, entre os expositores, a palavra de um pastor evangélico, presidente de uma ONG, porque o problema do tráfico humano deve ser enfrentado ecumenicamente, em conjunto com todas as forças vivas das igrejas e da sociedade. Reparem a força destas palavras de papa Francisco, pronunciadas há poucos dias, sobre o problema do tráfico humano: “...é necessário um gesto das igrejas e das pessoas de boa vontade, para gritar: Basta! O tráfico de seres humanos é uma chaga no corpo da humanidade, uma ferida na carne de Cristo, um crime contra a humanidade... desejamos estratégias e competência, coadjuvadas pela compaixão evangélica pelos homens e pelas mulheres vítimas de crime”( Roma 10/4/14)

sexta-feira, 11 de abril de 2014

PERIFERIA


Se você precisa de uma injeção de otimismo e quer voltar a acreditar  na bondade de um trabalho  voluntário, faça uma visita à Comunidade de Nossa Senhora da Vitória na região noroeste de Goiânia. Quatro pequenas freiras, duas brasileiras e duas argentinas, da Ordem Dominicana, entregam a própria vida ao cuidado cotidiano do povo daquela periferia, levando jovens e adultos a crescer como pessoas e cidadãos. Eu estive presente, representando a Caravideo, a uma singela reunião festiva, no dia 04 de Abril, durante a qual foram ilustradas algumas atividades que fazem  parte do projeto social daquela comunidade, como o curso de informática e montagem de computadores, o cursinho de inglês etc... Com este trabalho são atingidos vários bairros populares com problemas gritantes, como, por exemplo, a droga. Uma dirigente do CAPS (Centro de atenção psico-social) revelou os dados de uma pesquisa feita naquela região da qual resulta que o caminho para a droga, para a maioria dos jovens, começa com a idade de 8 a 10 anos. Isto é terrível e deveria perturbar o sono de pais, de autoridades do Município e do Estado, de padres e pastores, de educadores e professores, de associações esportivas, de sindicatos e partidos. As freiras não têm dinheiro, não possuem instrumentos de poder social ou político, somente  têm a força que vem da Fé, que vem de Deus. Naquela reunião percebi que não falta a simpatia de pessoas ligadas à escola, à Prefeitura e ao Estado, mas isso não basta. Precisa provocar um choque de atenção efetiva aos problemas do povo da periferia. Saí de lá com uma profunda melancolia: soube que naqueles dias as irmãs tinham recebido o aviso de uma multa da Prefeitura que as acusava de ter usado sem licença um terreno público ao lado do Centro Comunitário, terreno que há muito tempo as irmãs usavam para as atividades sociais e recreativas da juventude.

Sergio Bernardoni




segunda-feira, 31 de março de 2014

Um bispo mártir em El Salvador: 24 de março 1980.


Há 34 anos foi assassinado Dom Romero Arcebispo de El Salvador. Há um clamor do povo para que seja santificado, mas o seu compromisso social e a luta contra o governo de extrema direita daquela pequena nação,é uma sombra para aquela parte da Igreja que ainda se apoia sobre a força do poder autoritário. Colocamos aqui alguns trechos da ótima reflexão do monge beneditino Marcelo Barros, publicada em O POPULAR no dia 26/3/2014.
" Monsenhor Romero era um bispo conservador, No entanto, ele viu famílias pobres serem obrigadas a entregar sua terra ou casa a um proprietário rico, Viu pais de famílias  serem enterrados simplesmente por tentar defender seus direitos humanos. Viu que padres, como Rutílio Grande, que defendiam os pobres eram torturados e mortos.Então, Romero começou a levantar sua voz em defesa do povo oprimido. E passou a ser odiado pelas elites e pelos militares que as defendiam. No dia 24 de Março de 1980 quando celebrava a Missa na Capela de um hospital, um atirador entrou na igreja e o alvejou no coração. O sangue de Romero se misturou com o cálice da Eucaristia, no qual se faria memória do sangue de Jesus.
O martírio de Romero teve repercussão enorme em todo o mundo. A situação de El Salvador  tornou-se um escândalo mundial ,e, poucos anos depois, o sistema político foi renovado e o país conquistou uma democracia nais justa. Atualmente, El Salvador acaba de ter eleições presidenciais. O povo escolheu como presidente  Salvador Cerém, antigo militante de esquerda. A proposta do novo governo é integrar-se na caminhada bolivariana de outros países do continente por uma  verdadeira independência frente ao império norte-americano e uma administração política que acabe com a desigualdade social que ainda reina no país Ao estimular padres e bispos a ir às periferias e servir de fato às necessidades do povo, o papa deixou claro que o modelo de pastor que ele pensa para a Igreja é Oscar Romero."

quarta-feira, 26 de março de 2014

Uma vida a serviço da Construção do Reino

Aniversário de 84 anos do Pe. Sérgio Bernardoni.

No último dia 24 de março o Pe. Sérgio Bernardoni, fundador da CARAVIDEO, completou mais um ano de vida. Em uma celebração muito significativa estavam presentes muitos parceiros que com ele buscam construir um mundo mais justo e fraterno. Na ocasião foram lembrados vários aspectos da vida do Pe. Sérgio, dentre as quais se destaca a criação da CARAVIDEO, que nasceu com o objetivo de fazer dos meios de comunicação um espaço de construção de uma vida melhor. Parabéns ao Pe. Sérgio.


terça-feira, 25 de março de 2014

40 dias de Oração pelas crianças na Copa.

Nos próximos meses, milhões de turistas circularão pelo país por ocasião da Copa do Mundo.Será uma festa global e milhares de comunidades espalhadas pelo mundo se conectarão virtualmente para desfrutar de uma paixão comum. o futebol. Doze cidades brasileiras sediarão os jogos. Isto significa que centenas de cidadezinhas, vilas e comunidades urbanas vinculadas a cada cidade-se serão afetadas pelo tsunami que será receber cerca de 4 milhões de turistas entre estrangeiros e brasileiros.
Como nossas crianças e adolescentes serão afetados? Como serão protegidos da violência sexual, da exploração nas ruas, do envolvimento no tráfico de drogas, do abandono, negligência e maus tratos? Há muitas maneiras de proteger, mas há uma que está acessível a todos nós: a Oração.
Cristãos no mundo todo se unirão em oração pelas crianças afetadas pela Copa. Entre os dias 8 de junho e 18 de julho, serão 40 dias de intercessão, um motivo por dia! Oração e ação são inseparáveis. Junte-se a nós para receber motivos de oração diariamente, inscreva-se pelo site www.maos dadas.org e clique no banner "40 dias de Oração".
(Esta matéria é extraida da Revista ULTIMATO nº 347)

quinta-feira, 20 de março de 2014

Eles venderam o próprio irmão.


Estamos refletindo nesta Quaresma sobre o problema, ou melhor, sobre a tragédia do tráfico humano.Vejam os focos principais:
1- Trabalho escravo, sobretudo nas grandes fazendas do norte.
2- Envio de mulheres para o estrangeiro com promessa de bom emprego, mas, na realidade, para negócios sujos de carne humana nos prostíbulos.
3- Tráfico de órgãos. Este tráfico está nas mãos do crime organizado, difícil a ser descoberto. Para onde vão tantas crianças desaparecidas?
4- Adoções clandestinas de crianças, sobretudo para o exterior.
5- Perto de nós há muita prostituição e tráfico de drogas movidos pela ganância do dinheiro.
6- A corrupção também é uma venda de seres humanos. Os mais fragilizados são os pobres.Na Bíblia, o profeta Amós, já gritava: "os pobres são vendidos por uma par de sandálias".
Devemos acordar, abrir os olhos e não encobertar os criminosos com o nosso silêncio. A vida humana é sagrada, não é mercadoria.O nosso corpo é santuário do Espírito Santo ( 1.Cor.6,19).Episódios de tráfico humano já se encontram na Bíblia. Vejam o relato do livro do Gênesis, capítulo 37, versículo 28, quando os filhos de Jacó não tiveram vergonha em vender o próprio irmão." Quando passaram alguns mercadores madianitas, retiraram José do.poço e depois o venderam para os ismaelitas por vinte moedas de prata e estes o levaram para o Egito". Não foi também Jesus vendido por trinta moedas?

segunda-feira, 17 de março de 2014

CEBI-GO: Perfumando e embelezando (assembleia de 2014)

Assembleia do Cebi  Goiás no Centro Cultural CARAVIDEO

Já é março, e suas águas vão fechando o verão, e é promessa de vida no coração. Amantes da Palavra da Vida, biblistas estudantes e assessores/as do CEBI-GO, estão reunidos/as em Goiânia, em ocasião da sua 9ª Assembleia Estadual, com o intuito de celebrar a caminhada vivida no último triênio (2011-2013), bem como avaliar e projetar os próximos passos.

Sexta-feira (14/03) nas chegadas, abraços e cheiros eram trocados, corporeificando a alegria do Reino. Somos de várias cidades do estado de Goiás (Itaberaí, Anápolis, Trindade, Jussara, Senador Canedo, Aparecida de Goiânia, Goiás, Orizona, Carmo do Rio Verde e Goiânia). Comungamos de algumas denominações cristãs (Comunidade Batista e Católica Apostólica Romana). A Bíblia tem nos guiado no caminho da unidade pelo compromisso com os/as empobrecidos/as e na luta pela causa dos/as pobres de Deus.

“... e a casa inteira ficou cheia do perfume” (Jo 12,3b)

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Sábado (15/03) foi o momento de cheirar o vento e perceber os perfumes que o CEBI espalhou e nos deixou cheios/as de fragrâncias. Quanta riqueza!!! O trabalho tem acontecido e já dá para sentir: nossa leitura bíblica não tem cheiro de mofo! Temos um jeito criativo de fazê-la que acrescentado a uma intencionalidade libertadora, confere-lhe um perfume todo especial. Este perfume pode ser melhor sentido na inclusão de diversos olhares: ecumênica, juvenil, socioambiental na perspectiva do Cerrado, feminista/de gênero,  negritude, terceira idade e das vidas nas periferias. Guardamos todas essas coisas em nosso coração. Éramos  56 pessoas.

Domingo (16/03) foi o dia que projetamos nossos sonhos para continuarmos a construir o Reino e seguir embelezando nossos caminhos. Estes sonhos passaram pela escolha dos eixos norteadores para a caminhada 2014-2016, que são: Vidas nas periferias, leitura feminista/gênero e Cerrado. Além disso, escolhemos a nova coordenação que terá a responsabilidade de cuidar para que estes eixos sejam vivenciados e testemunhados à luz da Palavra.  Coordenação escolhida pela Assembleia: Suely Barros, Pedro Caixeta, Érika, Carlos e Múria. Suplentes: Suely Rosa e Lina. Deus da Vida, Pai e Mãe, nós te agradecemos pela dádiva da liberdade e pela capacidade de fazermos escolhas. Amém!


quarta-feira, 5 de março de 2014

A chuva não penetrou no chão da Igreja


Na praça São Pedro, nestes dias, o papa Francisco abraçou uma criancinha de apenas dois anos “vestida de papa”. Uma brincadeira simpática, simbólica. O Papa abraçou em realidade um novo modo de ser igreja, um novo modo da Igreja seguir Jesus, com alegria, como ele mesmo  indicou na sua primeira, rica e extensa, “Exortação ao povo de Deus”. Mas o meu pároco, o meu bispo, os fiéis entenderam este  recado? E se o entenderam, começaram a andar num caminho novo? Ouvi nestes dias as reservas de um clérigo importante, numa reunião eclesial, sobre o documento 104, da CNBB, que fala de “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”: “Acho exagerada a palavra “nova paróquia”, podemos melhorar, mas não mudar”. Porque ter medo da novidade? O Evangelho diz que “não se pode colocar vinho novo em odres velhos”. Por isso a prioridade é “vinho novo  em odres novos”. O Papa não indica mudanças nas bases da fé e da moral, mas a mudança no comportamento eclesial , a mudança no comportamento da hierarquia que deve voltar a ser um serviço fraterno de animação e não uma agência controladora e concentradora, a mudança dos fiéis que devem olhar e evangelizar pra fora da igreja, a mudança da subserviência para a corresponsabilidade. Ouvindo sermões de bispos e padres não percebo  muito entusiasmo pelas  dicas do papa Francisco. Antigamente estes sermões estavam cheios de : “o papa disse”, “ o papa escreveu”, “o papa fez”. Agora parece que há quase um pudor em falar do papa, um certo receio de não exagerar, uma esperança secreta que esta  forte chuva de exortações papais, venha a se estancar com o tempo até voltar tudo como estava antes. A pesar  de tudo a nossa esperança está no caminho novo , na superação de obstáculos e incompreensões, com ajuda de Deus, como diz o Salmo 18,29: “pois contigo desbarato exércitos, com o meu Deus salto muralhas”.
Sergio Bernardoni

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Grupo de Vivência Ecumênica de Goiânia

Reunião de fevereiro do Grupo de Vivência Ecumênica de Goiânia
No último dia 24 de fevereiro o Grupo de Vivência Ecumênica de Goiânia esteve reunido, como acontece toda última segunda feira de cada mês. Desta vez conhecemos a história das Irmãzinha, suas origens com Irmãzinha Madalena e o Irmão Carlos. O que nove estás mulheres é o desejo de seguir radicalmente a Jesus presente nos mais pobres. Escutando a narrativa das irmãzinhas percorremos o mundo e vimos que é possível falar uma língua comum, a língua do AMOR.

Irmãzinhas de Jesus

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Para onde aponta a crise do clima


Conheço poucos jornalistas que com tanto afinco, inteligência, boa informação e senso de equilíbrio nos entrega textos de grande relevância sobre questões ecológicas e afins como Washington Novaes. Cada sexta-feira publica no Estado de São Paulo um artigo que vale ler e guardar. Todos no Brasil estamos sofrendo sob o calor intenso, falta de chuvas e de águas nos reservatórios. Por outro lado, enchentes devastadoras, localizadas, em várias regiões do país. Como entender estes eventos extremos? Que sinais são estes que a Terra nos está dando? Para onde nos conduzirá o aumento da temperatura que não para de subir? Estas interrogações nos são colocadas para nossa preocupação e como desafio para fazermos alguma coisa a fim de mitigarmos e adaptarmo-nos aos efeitos perigosos das mudanças climáticas. Publicamos neste blog este artigo do amigo Washinton Novaes pois nos orienta sobre a real situação da Terra e de nosso pais. Lboff          

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O noticiário recente sobre a mais longa estiagem no Brasil em seis décadas – e suas graves consequências em vários setores de atividade no país – traz consigo memórias incômodas e a sensação de despreparo do poder público e da sociedade   para a questão das mudanças do clima. Há muitas décadas numerosos  estudos científicos têm alertado para a gravidade e o agravamento progressivo das mudanças, para a necessidade de implantar sem perda de tempo políticas e programas de “mitigação” e “adaptação” a essas transformações. Mas têm encontrado pela frente o ceticismo – quando não o descaso.  Ou a crença nas avaliações dos chamados “céticos do clima”.

         Para não ter de recuar muito no tempo, o autor destas linhas retorna, por exemplo, ao que escreveu neste mesmo espaço há uma década (6/3/2004), quando o panorama na área do clima tinha causas opostas às de hoje: o Nordeste em janeiro daquele ano recebera um volume de chuvas sete vezes maior que sua média histórica; em alguns pontos de Goiás, em 50 dias chovera tanto quanto todo o ano anterior; açudes e barragens rompiam-se; abriam-se comportas para evitar rompimentos e provocavam-se graves inundações a jusante. Cientistas clamavam por um sistema oficial de informações que habilitasse a sociedade para programas de adaptação e mitigação – à semelhança do que a Europa já fazia, devolvendo seus rios ao curso natural, eliminando barragens, evacuando as margens de rios, implantando sistemas de drenagem urbana.  O então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, advertia: “São visíveis os sinais de mudanças climáticas, com inundações e secas cada vez mais graves”. Mas outro artigo  (26/23/2004)já acentuava que “no Brasil não se conseguiu ainda definir regras”, nem mesmo para um plano nacional de saneamento básico.

         Quem quiser recuar ainda mais no tempo, pode ir ao artigo de 31/7/1998, há mais de 15 anos, que se referia à maior estiagem no rio Cuiabá em 65 anos, que ameaçava o fornecimento de água a um milhão de pessoas – ao contrário do que acontecia no rio Branco, Acre, com “volumes inéditos de chuvas” levando a temer que se repetisse por aqui o drama pelo qual passava a China, com as maiores inundações em 40 anos, 2,5 mil mortos, um milhão de desabrigados. Dizia então o PNUD (ONU) que de 1967 a 1990 chegara a 3 bilhões o número de pessoas atingidas pelos desastres climáticos.

         Agora, São Paulo enfrenta os dias mais quentes desde fevereiro de 1943.  O “sistema Cantareira está à beira do colapso” (ESTADO, 8/2) e ameaça reduzir em 45% o  suprimento de toda a água na Região Metropolitana de São Paulo. O volume de água armazenado já caiu 13,7% em relação ao que era em 1930. Guarulhos sofre com  o racionamento dia sim, dia não. E o panorama se repete praticamente em todo o país, intensifica o consumo de energia elétrica.

Estudiosos como Sir Nicholas Stern dizem que o aumento da temperatura no mundo será de 4 a 5  graus até o fim do século. James Lovelock, autor da “teoria Gaia”, chega a prever (Rolling Stones, novembro de 2013) que “a raça humana está condenada” a perder mais de 5 bilhões da população até 2100, com o Saara invadindo a Europa, Berlim tonando-se mais quente do que Bagdá. A temperatura subirá 8 graus na América do Norte e Europa. Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, “não haverá pausa no aumento da temperatura”; cada década será mais quente.

         Michael Bloomberg, o bilionário ex-prefeito de Nova York, hoje à frente de várias iniciativas “ambientalistas”, sugere o fechamento imediato de todas as minas de carvão mineral, a maior fonte de poluição – mas por aqui já colocamos em atividade as nossas termelétricas a carvão, as mais poluidoras e mais caras. Enquanto isso, a safra de soja em São Paulo já se perdeu em 40% (ESTADO, 7/2), com prejuizo de R$744 milhões. Em Goiás, já se foram 15%. E o mundo subsidia o consumo de petróleo.

         Não adianta mais exorcizar os que os “céticos” chamavam de ”profetas do Apocalipse”. Nem fechar os olhos à realidade. Temos de conceber e adotar com muita urgência um plano nacional para o clima. Que inclua regras rigorosas para a ocupação do solo, impeça o desmatamento, promova a recuperação de áreas, proteja os recursos hídricos. Obrigue os administradores públicos a tratar com urgência também do solo urbano e dos planos de drenagem , além da contenção das emissões de poluentes nos transportes.E que nos imponha repensar nossa matriz energética. É preciso conferir prioridade absoluta às fontes de energia “limpas” e renováveis. Avançar com a energia eólica, já competitiva e ainda desprezada. Estimular os formatos de energia solar, que avançam a toda a velocidade no mundo. Voltar a conferir preferência para as energias de biomassas, inclusive ao álcool, onde o Brasil foi pioneiro e agora importa dos Estados Unidos para baixar índices de inflação, com o etanol nas bombas prejudicado pela política anti-inflação de segurar os preços dos combustíveis.

         Não é só. Temos de caminhar sem retardo para conferir, na matriz energética, prioridade para a microgeração distribuída. Gerada localmente e consumida também localmente, essa microgeração – que pode ser, por exemplo, a resultante do aproveitamento de biogás  resultante dejetos animais, como se está fazendo no Paraná e se começa em outros lugares – permite ao produtor rural deixar de pagar contas de energia e ainda vender o excedente da produção para as distribuidoras. Sem “linhões” fantásticos, caríssimos (já temos mais de 100 mil quilômetros deles), desperdiçadores de energia. Sem megaprojetos de geração que custam os olhos da cara e exigem juros gigantescos.

 Esse é o caminho do futuro: o desenvolvimento local, com microgeração de energia. Sem concentrar a propriedade, sem concentrar a renda. E, se tivermos competência e sorte, reduzindo a emissão de poluentes e contribuindo para atenuar as mudanças do clima.


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Criaturas Vendidas

Rede um Grito pela Vida
Quando cheguei da Itália nos anos setenta  ficava encabulado quando assistia na TV  as chamadas sobre “crianças desaparecidas” e no meu subconsciente colocava a culpa nestes meninos e meninas rebeldes e fugiões.  A Campanha da Fraternidade deste ano sobre “tráfico humano” nos ajuda a entender  a brutalidade criminosa que está atrás dos desaparecidos , vendidos, escravizados: é coisa grossa que envolve no crime organizado pessoas da cidade e do interior, aqui, no meio de nós; pessoas  que por dinheiro  cometem barbáries acima do imaginável e que a maioria das vezes ficam “invisíveis”, escondidas e por isso raramente são alvos de denúncia. O tráfico humano tem uma abrangência grande: Tráfico para exploração do trabalho, Tráfico para exploração sexual, Tráfico para extração de órgãos, Tráfico de crianças e adolescentes etc... Se é “para a liberdade que Cristo nos libertou”(Gl  5,1) nós, que somos ou parecemos boa gente, não podemos ficar indiferentes. É por isso que quero registrar um encontro de pessoas comprometida com o projeto “ Um Grito pela Vida” promovido pela CRB  (Conferencia dos Religiosos do Brasil). Silenciosamente este grupo trabalha há quatro anos no projeto de sensibilizar as igrejas e a sociedade sobre a gravidade do problema do tráfico humano. Como prevenir? Como descobrir  os casos de tráfico humano? Como reintegrar estas pessoas feridas e machucadas devolvendo a elas o dom precioso da sua dignidade? Na reunião estavam presentes umas vinte pessoas, quase todas Irmãs de várias Congregações.  Fiquei impressionado pela seriedade e generosidade do compromisso destas pessoas:  cada uma delas tem histórias trágicas para contar, ações desenvolvidas para ajudar quem caiu no tráfico humano e, atualmente, todas elas estão viajando para todos os rincões do Estado para dar assessoria a grupos , escolas  e comunidades, sobre os assuntos da Campanha da Fraternidade. Para quem quiser se engajar no projeto “Um grito pela vida” o telefone é:  (CRB) 3224 6076.
Sergio Bernardoni

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A arte e a beleza nos levam a Deus.

CARAVIDEO recebe diploma de destaque cultural 2013

Uma coisa tão simples como abrir uma locadora de vídeo e administrá-a com sabedoria chegou a ser reconhecida oficialmente pela sua contribuição no campo da cultura cinematográfica no Estado de Goiás. É o que aconteceu com a Caravideo, que, na noite do dia 12 de fevereiro, no Palácio das Esmeraldas, numa solenidade presidida pelo Conselho Estadual de Cultura, recebeu pelas mãos do Governador, o diploma de Destaque Cultural do Ano 2013. Olhando naquele Salão a multidão de artistas presentes: músicos, atores, escritores, poetas, diretores, organizadores de Mostras,  nomes conhecidos  ou iniciantes das artes plásticas, fotógrafos, críticos, jornalistas etc..., eu estava sentindo de perto o poder da comunicação, no bem e no mal. Jesus Cristo foi um grande comunicador do Bem e nós, contemplando a sua imagem no meio do povo que o procurava e o escutava com avidez, podemos avaliar como a palavra e a beleza das artes nos podem aproximar de Deus. Mas todo mundo conhece a presença maléfica das drogas, ilícitas ou lícitas, na vida e nos ambientes dos artistas. O recente fim trágico do famoso ator Ph .Seymour Hoffman, é mais um, entre inúmeros, em que as drogas, ilícitas ou não, encurtaram a vida de grandes artistas.Parece que as drogas e o mundo das artes andam juntos. " E não só de drogas ilícitas são feitas tais tragédias. O álcool levou embora o rei do rock brasileiro, o baiano Raul Seixas. Em um dos últimos shows que fez, aqui em Goiânia, ele mal conseguia se manter em pé, tamanha a fragilidade de seu organismo. Com a depressão se entregou à bebida e morreu cedo, com apenas 44 anos" (Rogério Borges em o Popular de 13/2/14). Apesar da sensibilidade espiritual da maioria dos artistas, muitos deles ficam à margem da religião e das igrejas. Por que? À atenção que nestes últimos tempos o Governo Estadual e Federal estão tendo para o financiamento do mundo da Cultura, poderia corresponder uma atenção ainda maior, pela formação da consciência positiva dos artistas, das instituições culturais. sobretudo escolas e universidades, e também  das Igrejas. Por isso termino fazendo uma pergunta incômoda: porque a Igreja Católica de Goiânia não coloca uma maior atenção na celebração do próximo "Dia mundial das Comunicações"?

Cerimônia de entrega da Homenagem à CARAVIDEO

Pe. Sérgio Bernardoni e Wolmir Amado


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

''A Igreja está distante demais dos fiéis, mas os inovadores são maioria''. Entrevista com Hans Küng

Hans Küng - teólogo

"Agora, o Papa Francisco pode apelar à resposta da maioria dos fiéis sobre questões tão importantes no debate com os reacionários da Cúria. O Papa Emérito Bento XVI escreveu há pouco para mim, eterno rebelde, uma carta afetuosa em que se compromete a apoiar Francisco, esperando em cada sucesso seu." Em suma, substancialmente, é quase como dizer que Francisco é como Gorbachev, o homem novo contra os ortodoxos, mas com as pessoas ao seu lado. Eis a voz de Hans Küng, máximo teólogo católico crítico vivo, sobre a pesquisa chocante publicada nesse domingo no jornal La Repubblica e sobre o seu efeito na Igreja.
A reportagem é de Andrea Tarquini, publicada no jornal La Repubblica, 10-02-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a entrevista.
Professor Küng, como você avalia a sondagem sobre os cristãos no mundo?
Tomados conjuntamente e analisados, esses dados revelam a extraordinária discrepância entre os ensinamentos da Igreja sobre questões fundamentais, como a família, e, ao contrário, a visão real dos católicos no mundo.
Para você, entre os muitos resultados da sondagem, quais são os mais importantes?
Para mim, o mais importante é a imensa maioria de consensos para o Papa Francisco: 87% dos católicos entrevistados em todo o mundo e 99% dos italianos estão de acordo com ele. É uma enorme manifestação de confiança para o Sumo Pontífice. Para mim, é um pequeno milagre, depois dos anos da crise de confiança que tinha investido contra a Igreja nos anos do Papa Bento XVI. Agora, em menos de um ano, o Papa Francisco conseguiu inverter a tendência dos sentimentos dos fiéis de todo o mundo.
E o Papa Emérito Bento XVI, a seu ver, ficará feliz ou triste com a resposta da sondagem?
Naturalmente, ver esses resultados irá lhe entristecer, especialmente repensando hoje nos últimos meses vividos por ele como pontífice, no seu mandato. Mas, seguramente, ele irá se alegrar com o fato de que agora se segue em frente, e ele, a meu ver, pensa mais no destino da Igreja do que naquilo que diz respeito a ele mesmo.
É só uma suposição sua ou você pode provar sobre o que você diz sobre os sentimentos de Joseph Ratzinger neste momento?
Eu acredito que explicarei melhor o pensamento de Bento XVI citando frases da sua recentíssima carta para mim.
Bento XVI lhe escreveu depois de anos de conflitos? E o que lhe escreveu?
Bem, espere só um momento, deixe-me pegar aqui na minha escrivaninha lotada esse manuscrito com a carta daSanta Sé endereçada por ele, pessoalmente, da sua residência de papa emérito. Data: 24 de janeiro de 2014. Remetente: "Pontifex emeritus Benedictus XVI". "Sou grato por poder estar ligado por uma grande identidade de pontos de vista e por uma amizade de coração ao Papa Francisco. Hoje, vejo como minha única e última tarefa é apoiar o seu Pontificado na oração." Acredito que são palavras muito belas. Certamente, escritas antes da publicação da sondagem. Essa escolha de inclinação do Papa Emérito Bento XVI me convence ainda mais.
E o que significa a sondagem para os bispos e, em geral, para a hierarquia eclesiástica?
Eu gostaria de distinguir três categorias de prelados. Para os bispos prontos para as reformas, e eles existem em todo o mundo, os resultados da sondagem significam um grande encorajamento: eles deverão se comprometer abertamente com as suas convicções e não ficar tímidos demais. Segundo, para os conservadores que têm as suas reservas: eles deveriam refletir sobre as suas reservas e deveriam ouvir os argumentos dos reformadores. Terceiro, para os bispos reacionários, presentes não só no Vaticano, mas em todo o mundo, eles deveriam abandonar a sua resistência obstinada e escolher a razoabilidade.
E o que significa a sondagem para a base, para os cristãos? Encorajamento à reforma a partir de dentro, como Gorbachev sonhou em vão para o socialismo real e o Império Soviético?
É importante o sinal de que o movimento para a reforma dentro da Igreja tem do seu lado a grande maioria dos fiéis. O movimento de reforma é apoiado pela base – movimentos de reforma, como o Nós Somos Igreja – mais do que apareceu até agora, mais do que dentro da Igreja oficial. É um fato em nível internacional.
Professor, há décadas, você pede mudanças e aberturas na Igreja. Foi o primeiro e pagou as consequências por isso. Para você, essa sondagem é uma vitória, uma vitória amarga, ou outra coisa?
Eu não me considero um vencedor, não liderei uma batalha por mim, mas sim pela Igreja. Evidentemente, eu tive muitas experiências amargas, mas é bom ver uma mudança na direção do Concílio Vaticano II. Eu tive a grande alegria de poder ver, ainda vivo, o sucesso das ideias de reforma da Igreja para a qual eu combati por tanto tempo, de poder ver o início da virada. Para mim, é um novo impulso vital, como diz Bento XVI, para este último trecho do percurso da vida que nós agora temos pela frente.
Que consequências o Papa Francisco deveria tirar dos resultados dessa sondagem?
Se eu pudesse lhe dar um humilde conselho, ele deveria seguir em frente com coragem no caminho em que está encaminhado e não ter medo das consequências.
Concretamente, o que isso significa?
Espero que ele use a arte da Distinção que ambos aprendemos na Pontifícia Universidade Gregoriana: onde há, segundo a sondagem, consenso na Comunidade eclesial, ele deveria propor uma solução positiva para o Sínodo. Onde há desacordo, ele deveria permitir e suscitar um livre debate na Igreja. Onde ele mesmo é de outra opinião com relação à maioria dos católicos, como sobre o sacerdócio para as mulheres, ele deveria nomear uma força-tarefa de teólogos e de outros cientistas, de homens e mulheres, para abordar o tema.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Como andam as Pastorais Sociais na Igreja de Goiânia?



No dia 8 de fevereiro  teve uma reunião, na sede da CNBB regional,  sobre as Pastorais  Sociais na Igreja do Centro Oeste (Goiás e Distrito Federal)  com a presença  do Bispo que acompanha as Pastorais Sociais no Brasil (Dom Guilherme bispo de Ipameri-Go) e do Bispo que acompanha este setor da Pastoral no Regional-Goiás e Brasília (Dom Eugênio, bispo de Goiás). Nenhum representante oficial da Arquidiocese de Goiânia estave presente. As obras de caridade não faltam: basta pensar no Cotolengo de Trindade, nas múltiplas atividades dos Vicentinos, nas várias pastorais sociais como a Carcerária, da Aids, do povo de rua, dos idosos etc... O mais importante é que a Igreja em si, a Igreja toda, a Igreja oficial, ande ao encontro dos outros, despojada  de tantas coisas que a seguram, aberta e missionária, à luz da palavra “solidariedade” que, conforme o papa Francisco (11.XI.130): “ é a palavra chave da Doutrina Social cristã”. Neste sentido todos nós cristãos “estamos chamados a ser pobres, a despojar-nos de nós mesmos, e por isso devemos aprender  a estar com os pobres, partilhar com quem não tem o necessário, tocar a carne de Cristo. O cristão não é alguém que enche a boca com pobres, não! É alguém que se encontra com eles, que olha para eles de frente, que toca neles. A Igreja deve despojar-se de qualquer mundanidade espiritual...do medo de abrir as  portas para ir ao encontro de todos, sobretudo dos mais pobres, dos necessitados, dos distantes, sem esperar... Despojar-se da tranquilidade aparente que as estrutura oferecem, certamente necessárias e importantes, mas que nunca devem obscurecer a única verdadeira força  que têm em si: Deus... É necessário seguir o caminho da pobreza, que não é a miséria – que deve ser combatida – mas é saber partilhar, ser mais solidários com quem está em necessidade, confiar em Deus e menos  nas nossas forças humanas”( Papa Francisco em Assis dia 04.10.3).
Na exortação “ A alegria do Evangelho” o papa Francisco sonha com uma “Igreja em saída” que sabe ir ao encontro de todos,  por que todos somos criados a imagem de Deus, sem medo e sem renunciar a nossa Fé. Por isso é necessária uma atenção renovada a movimentos como a Pastoral operária, o Grito dos  excluídos, a Pastoral do menor, a Pastoral da Terra e a muitos outros campos onde a Igreja colabora para a construção  de um mundo melhor. Ai da Igreja, se continuar “encurvada” sobre si mesma, esquecendo a família universal dos filhos de Deus!
Sergio Bernardoni

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Francisco muda o rosto da Igreja no Brasil

Papa Francisco implementou uma série de mudanças na Igreja do Brasil, país que visitou em 2013, com vistas a fortalecer as comunidades eclesiais de base, ao mesmo tempo que tirou espaço de alguns bispos de tendência conservadora e recompôs as relações com o governo da presidenta Dilma Rousseff, assinalaram acadêmicos e religiosos.
A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 03-02-2014. A tradução é de André Langer.
Em menos de um ano como Pontífice, o argentino Jorge Mario Bergoglio colocou em prática algumas reformas que “levam seu selo”, como o de ter enviado uma mensagem ao 13º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base(CEBs), observou Pedro Ribeiro de Oliveira, professor de Religião na Universidade Católica de Minas Gerais.
O encontro de cerca de 5.000 membros das CEBs, historicamente influenciadas pela Teologia da Libertação, aconteceu entre os dias 5 e 11 de janeiro passado no Ceará, um dos mais pobres do Brasil.
“É um gesto importante porque é a primeira vez que um Papa se abre assim às CEBs, onde se compartilha a ideia de uma Igreja libertadora”, opinou o monge beneditino Marcelo Barros.
Semanas antes do encontro das CEBs, uma entidade ligada ao Vaticano convidara o líder do Movimento dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, para participar de um seminário sobre a pobreza e a exclusão em Roma.
Pensadores da Teologia da Libertação, como o ex-sacerdote franciscano Leonardo Boff e o frade dominicano Frei Betto, expressaram elogios ao Papa, sua influência favorável sobre o movimento religioso ligado à população simples e sobre o bom diálogo com a presidenta Rousseff.
As relações entre o governo brasileiro e o Vaticano experimentaram uma aproximação desde a chegada do novoPontífice, que foi visitado pela Dilma em março de 2013.
Rousseff voltou a se reunir com o Papa mais duas vezes em julho passado, quando este permaneceu durante uma semana no Rio de Janeiro, onde participou da Jornada Mundial da Juventude, encerrada com uma missa da qual participaram milhões de jovens, em sua primeira viagem internacional.
Papa também adotou algumas decisões que afetaram a hierarquia eclesiástica brasileira, como a elevação a cardeal do arcebispo do Rio de JaneiroOrani Tempesta, e o afastamento da comissão que auditava o Banco do Vaticano do cardeal arcebispo de São Paulo, Odilo Pedro Scherer.
Rousseff, cuja agenda internacional em 2014 será bem apertada devido às eleições presidenciais, voltará à Santa Séeste mês para participar da cerimônia em que Tempesta será criado cardeal por Francisco, em outro gesto de aproximação, conforme publicou nesta segunda-feira o jornal O Globo.
Entretanto, observadores calculam que Odilo Scherer, um religioso considerado próximo ao Papa Emérito Bento XVI, que o criou cardeal, teria perdido espaço na estrutura de poder da Conferência dos Bispos do Brasil, depois que Francisco anunciou, no mês passado, sua saída do organismo que acompanha o Banco do Vaticano.
Outro arcebispo tido como conservador é Murilo Krieger, da Arquidiocese de SalvadorBahia, que também esteve ligado ao anterior Papa Joseph Ratzinger.
Geralmente, o arcebispo de Salvador é criado cardeal, uma tradição que não foi seguida por Francisco, o que foi uma medida “sintomática e que parece sintonizar com a comunidade católica dessa cidade que deseja um cardeal mais progressista”, opinou o professor Ribeiro de Oliveira.
Estão previstas para esta semana nas 12 dioceses do estado nordestino do Maranhão mobilizações contra a violência. O arcebispo de São LuizJosé Belisário da Silva, confia em que esta convocatória estimule a relação das paróquias com seus fiéis.
“A chegada de Francisco marca um grande momento, porque a Igreja estava um pouco ausente nos últimos tempos e este Papa, com sua grande simplicidade, tirou a Igreja do seu imobilismo”, assinalou Belisário à revista Carta Capital do último domingo.