Nas manifestações de rua do domingo 15 de março uma frase, repetida em várias capitais nas faixas levantadas pela multidão, fez doer o meu coração: “ INTERVENÇÃO MILITAR, JÁ!”. Foi saudade do tempo da ditatura militar? Acho que não chegou a tanta burrice, mas deixou claro que o projeto defendido é pelo domínio da direita, a marginalização dos pobres, contra o fortalecimento político e econômico das classes subalternas. Reveladora é também a ausência de frases e de gritos pela defesa da Petrobrás, como, ao contrário, tinha acontecido nas manifestações sindicais da sexta feira anterior. Isso esconde o desejo de ver a Petrobrás privatizada, como aconteceu com a Vale no tempo de F.E.Cardoso. O símbolo da rejeição ficou com a pessoa da Dilma (“fora Dilma!”), mas a luta da direita não é contra uma pessoa e sim contra o projeto de uma mudança política e social em favor dos pobres. Dilma é certamente mais limpa do que todos os outros presidentes da era democrática (Sarney, F.E.Cardoso e Lula), mas carrega em si, simbolicamente, todo o peso da corrupção e, agora, também do atual ajuste econômico. O que ficou, então, de positivo, nas manifestações do dia 15? Ficou algo que já sabíamos: a condenação do sistema político e seus representantes e, sobretudo, a condenação da conduta suja dos administradores de todos os campos. Temos que acrescentar somente uma coisa: atenção a não condenar a corrupção somente no andar de cima, porque a Lei de Gerson (tirar vantagem de tudo) é infiltrada também no andar de baixo, incluindo todos nós.
sergiobernardoni@gmail.com
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