quarta-feira, 30 de abril de 2014

UM SONHO (QUASE) IMPOSSÍVEL.

Com tantas gritarias de pregações bíblicas e com tantas exaltações na boca de padres e pastores de capítulos e versículos do Livro Sagrado e todo mundo jurando que a Palavra de Deus é a Luz e o Guia de sua vida e de sua Igreja, quase ninguém leva a sério o pedido de Jesus (que é uma ordem) sobre a unidade dos cristãos, no capítulo 17 de João: “Que todos sejam um”. Há muita gente no mundo que não aceita Jesus Cristo como Filho de Deus: os muçulmanos, as religiões orientais, os cultos afros, os ateus, os indiferentes etc... , são bilhões de pessoas que não são evangelizadas. E os cristãos que fazem? Brigam entre si esquecendo o mandamento de Jesus : “ides e evangelizais”, cada Igreja preocupada consigo mesma, arrecadando dízimos e escandalizando a multidão dos filhos de Deus que pedem luz e verdade. Porque Cristo não está dividido, mas a maneira como nós cristãos experienciamos a nossa fé em Cristo faz parecer que Ele está dividido.  É verdade que desde os primeiros tempos o diabo introduziu divisões entre os discípulos de Jesus: havia até problemas com a santa Ceia, pois os ricos não queriam comer do mesmo pão e beber do mesmo vinho que os pobres. Mas diante destas divisões o apóstolo Paulo tem a capacidade de não negar os conflitos, mas não desiste do sonho da unidade que Jesus quer: “ Eu não canso de agradecer a Deus por causa de vocês , em vista da Graça de Deus que lhes foi concedida em Jesus Cristo” ( 1 Cor 1,4.). Por isso acho bom apoiar a atividade de um pequeno grupo de cristãos de várias denominações religiosas que convida para a “Semana de oração pela Unidade dos Cristãos” na semana do dia 1º ao dia 8 de Junho 2014, com o lema: ”Acaso Cristo está dividido ?”(1 Cor.1-17). São previstas duas celebrações principais: uma de abertura no dia 02 de Junho, segunda feira, às 19 horas no Centro Cultural da Caravideo ( Rua 83 n.º 361 Setor Sul,fone 3218 6895)  e uma de encerramento no dia 08 de junho, domingo, às 9 horas da manhã, na Igreja Luterana ( rua 91, fone 32244633/99745733). sergiobernardoni@gmail.com

Grupo de Vivência Ecumênica de Goiânia - 2014


quarta-feira, 23 de abril de 2014

O nome do diabo


As recentes descobertas de sistemas de corrupção revelando as manobras de enriquecimento ilícito de políticos de todos os níveis, ligados notoriamente a alguma igreja, me trouxe à memória  um antigo problema religioso, muito debatido até hoje: a idolatria. Por causa das imagens  os católicos são tachados de “idólatras” pelos evangélicos. Jesus, no Evangelho, nunca fala contra ou a favor das imagens  mas  denuncia a presença do diabo na “mamona iniquitatis” (riquezas de origem iníqua: Lc 16.9) quando proclama que: “não se pode servir a dois senhores, a Deus e às riquezas” (Mt 6,24). O dinheiro é o dono do mundo, o ídolo que escraviza a humanidade. O diabo do dinheiro corrompia a classe sacerdotal no tempo de Jesus e armou a mão criminosa de Judas para entregar Jesus por trinta moedas. Em todos os tempos, e, principalmente hoje, o diabo do dinheiro atenta a sociedade civil e política contaminando, sorrateiramente, também as igrejas. Pelo dinheiro se fazem...até milagres e se fabricam adoradores de ídolos! Não são umas imagenzinhas de São José ou de Nossa Senhora que podem colocar em perigo a nossa fé em Jesus Cristo. Ídolo é a manobra aliciadora do proselitismo quando se procura engrandecer a  igreja  em lugar da glória de Deus; ídolo é o Dízimo quando é apresentado como obrigação consagrada e exigida por Deus e não como livre ato de solidariedade em favor dos irmãos;  ídolo é usar o poder religioso nas mãos dos padres, pastores e bispos que não deixam fortalecer a caminhada do povo de Deus;  ídolo é instrumentalizar o poder de cura para reduzir o povo de Deus a uma massa anestesiada e conseguir  lucros inestimáveis ; ídolo é falar no tempo das eleições que “irmão vota em irmão” ou que é necessário organizar no Parlamento “Bancadas” evangélicas ou ruralistas. Não te  incomoda o contínuo pedir dinheiro nas TV e Rádios religiosas e a construção de um número sempre maior de  novos templos? Será que Deus precisa de tantas e grandiosas igrejas? Contam que São Francisco quando viu os frades construindo um grande convento subiu no telhado e começou a jogar as telhas no chão. Fica aqui a incômoda pergunta: aonde andam os cristãos seguidores de um Jesus pobre, desarmado, sem teto, sem reserva de dinheiro e sem propriedades? Para terminar quero dar uma resposta a uma possível dúvida de muita gente:  porque a Bíblia tanto fala e tanto condena (tem até um mandamento) o culto das imagens? Eu pergunto qual Bíblia diz isto? Não é o Evangelho, não é Jesus: é o Antigo ( ou primeiro) Testamento. O Antigo Testamento recolhe a história do povo hebreu que vivia cercado por nações que adoravam imagens de madeira, de prata ou de ouro, como seres vivos e poderosos, como deuses. A tentação de imitá-los era tão grande para o povo de Deus, que chegou a enfurecer Moisés que quebrou as Tábuas da lei em cima do bezerro de ouro. A civilização dos “ídolos-imagens” da época do Antigo Testamento já passou e no seu lugar surgiu o carro de luxo, a mansão, a grande fazenda, a conta no Banco, a vaidade, o poder, o prazer...Podemos estar certos que a campanha contra as imagens  é uma artimanha do diabo  para desviar a atenção dos bons cristãos do verdadeiro “ídolo” que é o “mamona iniquitatis”, o diabo do dinheiro de origem iníqua.        sergiobernardoni@gmail.com

segunda-feira, 14 de abril de 2014

A CARNE FERIDA DE CRISTO


No sábado, 12 de abril. No Centro Cultural Caravideo,  aconteceu uma assembleia de formação sobre o Tráfico Humano, organizada pela CRB ( Conferência dos Religiosos do Brasil) e o  “Movimento: um grito pela vida!”. Na mesa estavam representantes de órgãos do Governo, inspetor da Polícia federal, de ONG , de departamentos de psicologia da PUC: público de umas cem pessoas. Eu estava lá dando uma força  representando a  Caravideo e fiquei impressionado pelos relatórios sobre a extensão e a crueldade do tráfico de pessoas: trabalho escravo, exploração sexual, venda de órgãos para transplante, tragédia das drogas. As várias exposições podiam ser comparadas a uma mão dura e implacável, que te pega pelo peito e te sacode até você cair no chão. Porque a sociedade não acorda? Porque os pais não abrem os olhos? Porque as autoridades  não agem? Porque este grito da igreja é destinado a enfraquecer e possivelmente desaparecer depois de terminado o período quaresmal da Campanha da Fraternidade? Em realidade o “Grito pela vida” da CRB  é uma das poucas iniciativas concretas na cidade de Goiânia. Me alegrei muito em ouvir, entre os expositores, a palavra de um pastor evangélico, presidente de uma ONG, porque o problema do tráfico humano deve ser enfrentado ecumenicamente, em conjunto com todas as forças vivas das igrejas e da sociedade. Reparem a força destas palavras de papa Francisco, pronunciadas há poucos dias, sobre o problema do tráfico humano: “...é necessário um gesto das igrejas e das pessoas de boa vontade, para gritar: Basta! O tráfico de seres humanos é uma chaga no corpo da humanidade, uma ferida na carne de Cristo, um crime contra a humanidade... desejamos estratégias e competência, coadjuvadas pela compaixão evangélica pelos homens e pelas mulheres vítimas de crime”( Roma 10/4/14)

sexta-feira, 11 de abril de 2014

PERIFERIA


Se você precisa de uma injeção de otimismo e quer voltar a acreditar  na bondade de um trabalho  voluntário, faça uma visita à Comunidade de Nossa Senhora da Vitória na região noroeste de Goiânia. Quatro pequenas freiras, duas brasileiras e duas argentinas, da Ordem Dominicana, entregam a própria vida ao cuidado cotidiano do povo daquela periferia, levando jovens e adultos a crescer como pessoas e cidadãos. Eu estive presente, representando a Caravideo, a uma singela reunião festiva, no dia 04 de Abril, durante a qual foram ilustradas algumas atividades que fazem  parte do projeto social daquela comunidade, como o curso de informática e montagem de computadores, o cursinho de inglês etc... Com este trabalho são atingidos vários bairros populares com problemas gritantes, como, por exemplo, a droga. Uma dirigente do CAPS (Centro de atenção psico-social) revelou os dados de uma pesquisa feita naquela região da qual resulta que o caminho para a droga, para a maioria dos jovens, começa com a idade de 8 a 10 anos. Isto é terrível e deveria perturbar o sono de pais, de autoridades do Município e do Estado, de padres e pastores, de educadores e professores, de associações esportivas, de sindicatos e partidos. As freiras não têm dinheiro, não possuem instrumentos de poder social ou político, somente  têm a força que vem da Fé, que vem de Deus. Naquela reunião percebi que não falta a simpatia de pessoas ligadas à escola, à Prefeitura e ao Estado, mas isso não basta. Precisa provocar um choque de atenção efetiva aos problemas do povo da periferia. Saí de lá com uma profunda melancolia: soube que naqueles dias as irmãs tinham recebido o aviso de uma multa da Prefeitura que as acusava de ter usado sem licença um terreno público ao lado do Centro Comunitário, terreno que há muito tempo as irmãs usavam para as atividades sociais e recreativas da juventude.

Sergio Bernardoni