segunda-feira, 30 de março de 2015

UMA LIÇÃO DE VIDA


Contam que na Idade Média um sábio passou por alguns operários que estavam trabalhando numa construção. O sábio se aproximou de um servente de pedreiro e lhe perguntou: o que você está fazendo? O homem podia não responder: era só olhar para entender  que estava mexendo com areia e cal preparando a massa para os pedreiros. Mas o sábio recebeu uma resposta que o deixou de boquiaberta. O servente respondeu: ”eu estou construindo uma Catedral”. Pensando nas maravilhas que eram as Catedrais da Idade Média certamente foi especial a visão, a coragem e a consciência do servente de pedreiro em fazer um trabalho importante e indispensável para a construção daquela maravilhosa obra, como era importante e indispensável o trabalho dos engenheiros e dos arquitetos. É que na vida, tudo aquilo que a gente faz, mesmo a mais humilde das ações, quando é bem feita, com competência e amor, é importante para a construção da grande Catedral que é o mundo, a sociedade, a humanidade  e o bom Deus dará a mesma recompensa ao garí que cuida do asseio de uma  rua e ao presidente da república que cuida da nação.  A medida da recompensa não será o grau e a posição do cargo, mas a fidelidade, a honestidade e o senso de responsabilidade com que se leva a frente uma tarefa. " Nos ajuda e nos conforto neste sentido o exemplo de tantos homens e mulheres que no silêncio e no escondimento, cada dia renunciam a si mesmos para servir os outros, um parente doente, um idoso sozinho, uma pessoa deficiente, um sem teto.( Palavras de Papa Francisco)"

sergiobernardoni@gmail.com

terça-feira, 17 de março de 2015

A MÁSCARA CAIU

Nas manifestações de rua do domingo 15 de março uma frase, repetida em várias capitais nas faixas levantadas pela multidão, fez doer o meu coração: “ INTERVENÇÃO MILITAR,  JÁ!”. Foi saudade do tempo da ditatura militar? Acho que não chegou a tanta burrice, mas  deixou claro que o projeto defendido  é pelo domínio da direita, a marginalização dos pobres, contra o fortalecimento  político e econômico das classes subalternas. Reveladora é também a ausência de frases e de gritos pela defesa da Petrobrás, como, ao contrário, tinha acontecido nas manifestações  sindicais da sexta feira anterior. Isso esconde o desejo de ver a Petrobrás privatizada, como aconteceu com a Vale no tempo de F.E.Cardoso. O símbolo da rejeição ficou com a pessoa da Dilma (“fora Dilma!”), mas  a luta da direita não é contra uma pessoa e sim contra o projeto de uma mudança política e social em favor dos pobres. Dilma é certamente mais limpa do que todos os  outros presidentes da era democrática (Sarney, F.E.Cardoso e Lula), mas carrega em si, simbolicamente, todo o peso da corrupção e, agora, também do atual ajuste econômico. O que ficou, então, de positivo, nas manifestações do dia 15? Ficou algo que já sabíamos: a condenação do sistema político e seus representantes e, sobretudo, a condenação da conduta suja dos administradores de todos os campos. Temos que acrescentar somente uma coisa: atenção a não condenar a corrupção somente no andar de cima, porque a Lei de Gerson (tirar vantagem de tudo) é infiltrada também no andar de baixo, incluindo todos nós.

sergiobernardoni@gmail.com

sexta-feira, 13 de março de 2015

A CONSCIÊNCIA PODE DOER.


Num destes dias fui à lanchonete para comer um salgado com minha esposa. Foram dois salgados e dois cafés. Quando fui pagar percebi  que  a atendente tinha marcado  dois cafés e somente um salgado. Eu vi o erro, pouco depois, e quando o caixa me perguntou se era isso mesmo, falei que sim e paguei. Foi distração?  Foi esperteza? Foi ladroagem? Não sei, talvez um pouco de tudo me ajudou a aplicar a “lei de Gerson: tirar vantagem”. Mas quando voltei em casa a consciência me doeu tanto que não consegui dormir direito, até achar uma solução para reparar o meu erro: voltaria na mesma lanchonete no outro dia e no papel da despesa eu mesmo marcaria “mais um salgado”, sem telo comido, pagando assim o do dia anterior, que eu tinha comido sem pagar. E é o que fiz no dia seguinte. Este tipo de “consciência que dói” é herança da minha educação católica que eu agradeço do profundo do coração. Parece que nem sempre a consciência dói, mesmo quando não se trate de dois ou três reais, mas de milhões, como se vê acontecendo no escândalo da Petrobrás. Pode-se misturar religião com corrupção de menor ou maior importância, sem a consciência doer. E isso pode atingir nós todos, gente comum, se não tiver a delicadeza de consciência para perceber que o que não é nosso “não é nosso”, e se não  aprender a viver com justiça e com a extrema atenção a não prejudicar o próximo. Jesus no Evangelho diz que se na hora de orar ou fazer uma oferta no altar você lembrar que tem alguma dívida com o próximo: “deixa lá a tua oferta e vã reparar primeiro o mal feito ao irmão”(Mt.5,23).

quinta-feira, 5 de março de 2015

AS SOBRAS


Hoje, 05 de Março 2015,três mil famílias do Movimento Sem Terra (MST),começam a deixar, por ordem judicial,  sob os olhos da polícia, a fazenda Santa Mônica, do senador Eunício de Oliveira (PMDB). Eis aqui a crônica do jornal O Popular: “Fim da tarde. Por do sol à vista. Da carroceria de um caminhão, famílias descarregam camas e roupas numa área à beira de BR-060,na altura do km 47, em Alexânia, na região leste de Goiás  É neste local que  elas começam a instalar um novo acampamento, depois de serem retiradas de uma parte da Fazenda Santa Mônica de propriedade do Senador Eunício de Oliveira (PMDB-Ceará), ocupada há cinco meses”.  É terrível o que está acontecendo em nome da lei. A fazenda santa Mônica tem 20 mil hectares, e o senador é dono de outras várias fazendas. Os sem terra não possuem nada e só querem um pedacinho de chão para sustentar a família. A justiça do homem não é a justiça de Deus, mas é por esta  que o senador será julgado. Para entender o tamanho da “injustiça” cometida pela justiça humana, vamos ler no Evangelho de Lucas a parábola do pobre Lázaro:-“  Havia um homem um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e dava banquete todos os dias. E um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, que estava caído à porta do rico. Ele queria matar a fome com as sobras que caiam da mesa do rico. E ainda vinham os cachorros lamber-lhe as feridas. Aconteceu que o pobre morreu, e os anjos om levaram para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. No inferno em meio aos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe Abraão, com Lázaro a seu lado. Então o rico gritou:” Pai Abraão tem pena de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar  a língua porque este fogo me atormenta”. Mas Abraão respondeu: “Lembre-se, filho: você  recebeu seus bens durante a  vida, enquanto Lázaro recebeu males. Agora porém, ele encontra consolo aqui, e você é atormentado. Além disso há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, nunca poderia passar daqui para junto de vocês, nem daí poderiam atravessar até nós” (Lucas 16.19-26). Para o senador sobra terra e dinheiro, enquanto os lavradores sem terra não recebem nem as migalhas  das suas riquezas. Quem defenderá o senador, quando daqui há poucos anos, se apresentará diante de Deus?