terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Vinho Novo!


Naqueles dias tensos da eleição presidencial, no meio dos debates e  das denúncias generalizadas, eu cheguei a uma certeza: qualquer um dos dois lados ganhasse as eleições seria  necessário um trabalho de refundação da ética social, comercial, politica e religiosa para reconstruir o mundo em que vivemos. Para qualquer lugar eu lançasse os olhos, no alto ou em baixo, para direita ou para esquerda, no campo dos colarinhos brancos ou dos agitadores populares, parecia aparecer sempre, acima dos ideais, o fantasma da corrupção, ou melhor, o costume,  inconscientemente, talvez,  autorizado e auto-justificado , de todo mundo tirar vantagem de tudo: a conhecida “lei de Gerson”. Parece que refazer o mundo seja uma tarefa imensa, impossível . É fácil cair na desesperança, aceitando o que muitos dizem: foi sempre assim, será sempre assim!   Mas para Deus nada é impossível.  Jesus no Evangelho, diante da realidade desanimadora daqueles tempos  diz que podemos colocar “ vinho novo em odres novos”   e nas tentações do deserto (Lucas 4,1-13) nos da o exemplo de como fugir das garras impiedosas do poder, do dinheiro, da ambição. Devemos começar no plano pessoal, olhando para si mesmos e descobrir se as ramificações da corrupção já afundaram em nós as suas raízes e depois juntar um grupinho de pessoas que se propõe de olhar a realidade e em nome de qualquer ideal puro, seja  cultural, seja político, seja comercial ou religioso, começar a “refazer o mundo”. Para alimentar esta vontade, este sonho de reconstruir a sociedade coloco aqui, sob os vossos olhos atentos, alguns pensamentos, sóbrios e claros, de um dos maiores teólogos moralistas dos últimos tempos, Bernard Haring:  “O gênio, o grande artista, o profeta, o santo são os descobridores dos novos valores e das novas oportunidades. Abrem novos horizontes e novos caminhos, infundem nova vida nos valores ainda não percebidos. Não desprezam as inúmeras pessoas silenciosas e humildes, que, dia após dia, mantêm vivos certos valores e formas de sabedoria. Quanto mais intenso é o contato que  mantêm com as pessoas, tanto mais criativo é o impacto que causam na cultura. Mahatma Ghandi e Martin Luther King são exemplos de gênios que souberam ficar perto do povo simples e ser ao mesmo tempo, suficientemente corajosos para convidar este povo a seguir novos caminhos e para aí guia-los”.

Sergio Bernardoni

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

É BOM VIVER!

Ao meu lado, na cama do hospital, jaz um senhor quase totalmente paralítico, obrigado á hemodiálise e com água no pulmão. Fico impressionado pelo carinho com que a esposa cuida dele, totalmente dedicada, com serenidade, ajudando os enfermeiros a prepará-lo para o banho. Isto enquanto está internato, mas é uma história que começou e continua em casa há nove anos, devido a um derrame! Poderíamos falar da fidelidade conjugal, do heroísmo do amor, mas penso neste momento à preciosidade da Vida, ao esforço que se faz para preservá-la ainda que precariamente e, por contraste, à violência, à miséria, que tiram tantas vidas sadias e fortes no meio de nós e no mundo inteiro. Não são somente os grandes gestos, as grande obras que  ajudam a preservar avida. A falta que faz um investimento  maior pelas autoridades públicas no campo da saúde é lamentável, mas quantos bilhões de  dinheiro seriam economizados se todo parasse de fumar e não precisasse de hospital para problemas pulmonares e de circulação! Quantos bilhões seriam economizados se não houvesse tanto exagero na bebida e não precisasse  tratar de tantas cirroses! E assim por diante!
Sobraria dinheiro para tratar daquelas doenças que chegam sem culpa de ninguém e sobraria dinheiro para aliviar, confortar e alegrar as pessoas enfraquecidas pela inexorável avançada da idade!
Nestes dias de hospital fiz também uma grande descoberta que posso melhor entender por meio da minha fé cristã (católica, evangélica ou espírita). San Paulo, nas suas cartas, afirma que o nosso sofrimento, completa (sim , intenderam?: completa!) o sofrimento e  a cruz de Cristo pela Redenção do mundo Isto significa que todo sofrimento, físico ou psicológico, oferecido a Deus, colabora com a obra de redenção de Jesus e a completa nos seus membros místicos que somos nós. Isto significa que nenhum sofrimento, doença ou perda, são inúteis: ficar doente não é tempo perdido. Isto, teologicamente, significa também, que Cristo, é, sim, o único Redentor e Salvador, mas não sozinho, e sim, junto com nós, colaboradores da Redenção.