quarta-feira, 23 de abril de 2014

O nome do diabo


As recentes descobertas de sistemas de corrupção revelando as manobras de enriquecimento ilícito de políticos de todos os níveis, ligados notoriamente a alguma igreja, me trouxe à memória  um antigo problema religioso, muito debatido até hoje: a idolatria. Por causa das imagens  os católicos são tachados de “idólatras” pelos evangélicos. Jesus, no Evangelho, nunca fala contra ou a favor das imagens  mas  denuncia a presença do diabo na “mamona iniquitatis” (riquezas de origem iníqua: Lc 16.9) quando proclama que: “não se pode servir a dois senhores, a Deus e às riquezas” (Mt 6,24). O dinheiro é o dono do mundo, o ídolo que escraviza a humanidade. O diabo do dinheiro corrompia a classe sacerdotal no tempo de Jesus e armou a mão criminosa de Judas para entregar Jesus por trinta moedas. Em todos os tempos, e, principalmente hoje, o diabo do dinheiro atenta a sociedade civil e política contaminando, sorrateiramente, também as igrejas. Pelo dinheiro se fazem...até milagres e se fabricam adoradores de ídolos! Não são umas imagenzinhas de São José ou de Nossa Senhora que podem colocar em perigo a nossa fé em Jesus Cristo. Ídolo é a manobra aliciadora do proselitismo quando se procura engrandecer a  igreja  em lugar da glória de Deus; ídolo é o Dízimo quando é apresentado como obrigação consagrada e exigida por Deus e não como livre ato de solidariedade em favor dos irmãos;  ídolo é usar o poder religioso nas mãos dos padres, pastores e bispos que não deixam fortalecer a caminhada do povo de Deus;  ídolo é instrumentalizar o poder de cura para reduzir o povo de Deus a uma massa anestesiada e conseguir  lucros inestimáveis ; ídolo é falar no tempo das eleições que “irmão vota em irmão” ou que é necessário organizar no Parlamento “Bancadas” evangélicas ou ruralistas. Não te  incomoda o contínuo pedir dinheiro nas TV e Rádios religiosas e a construção de um número sempre maior de  novos templos? Será que Deus precisa de tantas e grandiosas igrejas? Contam que São Francisco quando viu os frades construindo um grande convento subiu no telhado e começou a jogar as telhas no chão. Fica aqui a incômoda pergunta: aonde andam os cristãos seguidores de um Jesus pobre, desarmado, sem teto, sem reserva de dinheiro e sem propriedades? Para terminar quero dar uma resposta a uma possível dúvida de muita gente:  porque a Bíblia tanto fala e tanto condena (tem até um mandamento) o culto das imagens? Eu pergunto qual Bíblia diz isto? Não é o Evangelho, não é Jesus: é o Antigo ( ou primeiro) Testamento. O Antigo Testamento recolhe a história do povo hebreu que vivia cercado por nações que adoravam imagens de madeira, de prata ou de ouro, como seres vivos e poderosos, como deuses. A tentação de imitá-los era tão grande para o povo de Deus, que chegou a enfurecer Moisés que quebrou as Tábuas da lei em cima do bezerro de ouro. A civilização dos “ídolos-imagens” da época do Antigo Testamento já passou e no seu lugar surgiu o carro de luxo, a mansão, a grande fazenda, a conta no Banco, a vaidade, o poder, o prazer...Podemos estar certos que a campanha contra as imagens  é uma artimanha do diabo  para desviar a atenção dos bons cristãos do verdadeiro “ídolo” que é o “mamona iniquitatis”, o diabo do dinheiro de origem iníqua.        sergiobernardoni@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário